Ourondo

A terra de entre as águas

sábado, janeiro 05, 2008

Correio do leitor

NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE A PEÇA "Presidente da junta de freguesia do Ourondo em tribunal"

Na qualidade de visado na peça titulada, por um lado devido a erros de conteúdo, por outro por ser omissa no que concerne a factos relevantes, solicito aos responsáveis por este blogue a publicação da seguinte nota de esclarecimentos.

Após um longo interregno das lides da internet, é com relutância que ao visitar este blogue vejo o meu nome originar paragonas, mais a mais com a colagem a uma criatura abominável. Na qualidade de visado pela notícia do "Diário XXI", fielmente reproduzida na página deste blogue, assiste-me o dever profissinal e deontológico de rectificar a matéria quanto às graves imprecisões que contém, bem assim como prestar alguns esclarecimentos adicionais, já que a mesma não reflecte cabalmente o que na realidade se verificou no decurso do julgamento a que o artigo faz referência. Antes, porém, permitam-me os responsáveis por este blogue felicitá-los pelo excelente trabalho que têm vindo a realizar, bem assim como por interposta fonte endereçar a minha veemente crítica ao autor responsável pela respectiva local, tanto mais grave ainda por se tratar de um profissional da comunicação social, que não quis, ou não soube respeitar as regras básicas de quem faz, ou pretende fazer jornalismo.
Por omissão, erro grosseiro, negligência, propositada, ou não, ou apenas por falta de profissionalismo do autor da matéria aqui reproduzida, a aludida peça acaba por realçar o acessório, induzindo o leitor em erro, deixando de lado o essencial, esquecendo-se de mencionar que para a referida audiência o tribunal apenas terá notificado as testemunhas arroladas pela defesa, não procedendo de igual modo relativamente ao corpo de testemunhas indicadas pela acusação. Procedimento que foi inclusivé relevado pelo representante do Ministério Público (MP), no referido processo constituído como assistente dos queixosos. Quando as coisas poderiam ter sido resolvidas numa única sessão, uma vez que todos os notificados foram ouvidos da parte da manhã, redondaria em três sessões, com a adveniente inconveniência para as partes, bem assim como para o sistema. Quem paga é o contribuinte. Curioso, no entanto, é o facto destes trâmites, que a meu ver eram de importância fundamental para um julgamento justo, terem passado despercebidos à maioria dos repórteres da imprensa generalista que fizeram a cobertura do caso.
"Errare humanum est", e por aqui me fico quanto a métodos utilizados pela comunicação social, a não ser no que concerne a determinado órgão da imprensa lá do burgo (Covilhã), cujo eminente director, à altura, por interposto repórter me solicitou uma entrevista, à qual respondi por escrito e até ao presente não vi publicada, sem que tão-pouco o aludido jornal tenha tido a ombridade de justificar a censura exercida sobre a mencionada matéria. Para quem, como eu, já exerceu a profissão num jornal diocesano, comportamentos subservientes não espantam, sobretudo quando protagonizados pela arraia eclesiástica.

Telenovela
Podíamos aqui fazer galhofa, usando as declarações das testemunhas arroladas pelo arguido - e acreditem que aquilo com o cuco, o tijoleira e a víúvinha foi de partir o tutano a rir, algo digno de uma comédia italiana -, mas disso já se encarregou um pasquim que circula com alguma periodicidade pela freguesia, e além do mais seria matéria que não se enquadraria no espírito deste artigo.
Em resumo, um processo caracterizado por inúmeros percalços e atribulações, desde a trapalhada com as testemunhas, passando pela não notificação da principal e única testemunha ocular do incidente, a seu tempo citada na queixa apresentada pelas vítimas na esquadra da GNR do Paúl, com base na qual o MP haveria de se constituir como assistente dos queixosos.
Algo que os jornalistas também não viram, ou não quiseram ver, reporta ao inusitado movimento de pessoas que se gerou na sala de audiências no prelúdio da abertura da segunda sessão do julgamento, que iam falar com o arguido, dirigindo-se de seguida aos magistrados que à altura ocupavam os seus lugares na sala do tribunal. Outro facto que os repórteres se esqueceram de mencionar, concerne à peculiaridade do MP ter deixado cair a acusação em face do declarado pela já mencionada testemunha ocular, indíviduo que juraria pela saúde da sua mãezinha nada ter presenciado, afirmando-se ausente em parte incerta (Algarve ou Costa da Caparica), no dia a que os acontecimentos reportavam. Ainda que não tenha apresentado nenhum alíbi e não se recordasse com exactidão do lugar onde dizia ter estado, o MP aceitaria pura e simplesmente como prova a mentira e deixaria cair por terra a acusação.
Tudo isto espelha apenas percalços de um processo e tão-só servem para alertar as pessoas relativamente às patranhas que são publicadas na imprensa, e em particular os meus colegas de profissão, sobretudo no que concerne a questões deontológicas, e não só. Contudo, a terminar, uma pergunta se impõe, a qual muito provavelmente se desenha no espírito de quem se deu ao trabalho de ler esta peça. Porque não recorreram da setença os queixosos. Duas razões fundamentais, explicam a desistência: Nenhuma vontade de encher o bolso a advogados e plena descrença na justiça. Por mim falo.
Em conclusão, não se ameaça de morte na via pública alguém que pretendamos assassinar, certo? Mentira, já que este senhor, quer por iniciativa própria, quer através dos seus capangas, persegue e ameaça toda a gente que ousa contestar o poder discricionário que dele emana. E o que fazem as autoridades... assobiam para o ar.
Em face da ameaça proferida, e como nestes, bem assim como noutros similares, mais vale prevenir do que remediar, por receio e algum medo confesso, e sobretudo porque está em causa não apenas a minha segurança, bem assim como a dos meus familiares mais chegados, decidi não mais visitar a freguesia do Ourondo, por motivo algum. Ainda assim, isto, não implica que tenha desistido do objectivo de continuar a lutar pelos direitos dos ourondenses, como sempre foi meu apanágio.
Informe-se, a terminar e a título de nota de rodapé, que os dois contendores deverão voltar a sentar-se em breve nos bancos do tribunal. Só que desta vez, alguns documentos poderão falar mais alto que todos os testemunhos, sejam eles falsos, ou verdadeiros. Porque esta gente não faz o que lhes compete, tão-pouco exercem com dignidade e honestidade os cargos que lhes foram confiados pelo eleitorado, envolvendo-se quando muito em questões jurídicas de lanacaprina, é por estas, e por outras, que o país chegou ao estado deplorável em que se encontra.
E siga a telenovela...
O ex-queixoso.